Martinho Lutero

O frade alemão Martinho Lutero (1483-1546), filho de um mineiro, foi o impulsionador do movimento Reformista. Criticou as indulgências e foi excomungado pelo Papa Leão X. Com o apoio de diversos príncipes alemães, propôs uma nova doutrina cristã, separada da Igreja romana.

O Luteranismo, que se estendeu rapidamente pelo Centro e norte da Europa, concedeu todo o protagonismo ao crente, de modo que este tivesse uma relação direta com Deus. O crente podia ler e interpretar livremente a Bíblia, sem a intervenção da Igreja. Assim, o Luteranismo pretendia reduzir o protagonismo dos sacerdotes e reforçar o papel da Bíblia, como única fonte de inspiração cristã. Além disso, não reconhecia a autoridade do Papa, limitava o poder dos bispos, eliminava as ordens religiosas, rejeitava o culto às imagens, à Virgem Maria e aos santos, e só aceitava dois sacramentos: o batismo e a eucaristia.

Monge e estudioso das Escrituras, Lutero foi nomeado professor de Filosofia na Universidade de Wittenberg. Visitou Roma e ficou chocado com a magnificência e os vícios com que deparou, que constituíam um claro contraste com a miséria social vigente. Insurgiu-se contra as indulgências e começou a veicular a tese da remissão gratuita dos pecados, o que teve o condão de incendiar a Europa e gerou a natural excomunhão papal. Apesar da excomunhão, Martinho Lutero continuava a gozar de grande prestígio, motivo por que Roma apelou ao poder temporal - no caso ao imperador Carlos V - para que suprimisse a sua voz. Lutero acabou por comparecer perante o imperador na Dieta de Worms (1521), mas recusou retratar-se. O imperador ordenou o seu desterro. Não obstante estar proibido de regressar, Lutero decidiu voltar a Wittenberg apenas 10 meses depois da Dieta de Worms e deu a conhecer aos alemães a tradução que entretanto fizera das Escrituras. Os três príncipes mais poderosos da Europa - Henrique VIII, Carlos V e Francisco I, donos dos tronos de Inglaterra, Alemanha e França - vieram então em socorro do Papado e propuseram-se calar os heréticos através da Dieta de Spira, mas quer a Nobreza quer o Povo exigiram ter liberdade espiritual - os que assim desejassem passariam a não optar pelo catolicismo, embora continuassem a fazer parte da Cristandade.

Martinho Lutero (1483-1546) foi o promotor da Reforma que em meados do século XVI dividiu a Europa cristã. Antes de mais, levou a cabo uma batalha, um protesto (daqui deriva o nome protestantismo) contra as doutrinas e a corrupção da Igreja de Roma: as únicas normas da fé que Lutero reconhece são as que estão contidas nas Escrituras Sagradas e não as que são impostas pelo papa e pelos bispos. Para permitir também aos fiéis a leitura direta dos textos sagrados, Lutero faz a sua tradução para o alemão. Renova o ritual da missa, tornando-o mais aberto à participação dos fiéis através da prática do canto oral. Mas a Reforma é também uma luta pelo poder: os príncipes germânicos apoiam Lutero para se libertarem das intromissões da Igreja Romana e para se defenderem das revoltas populares que na Alemanha começavam a eclodir em nome da nova religião.