Terramoto de 1755
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Terramoto de 1755

Preciosidades artísticas e literárias desapareceram, soterradas ou queimadas. Ruíram o Paço da Ribeira, com a magnífica biblioteca que D. João V enriquecera, o teatro da ópera, o palácio da Corte Real, o Castelo de S. Jorge, o arquivo da Torre do Tombo.
Dez mil vítimas, segundo os cálculos mais modestos. Trinta ou quarenta mil - afirmou-se na ocasião.
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Re: Terramoto de 1755
"Dez minutos antes das dez horas senti o navio estremecer de uma maneira tão extraordinária que, apesar de estar certo da profundidade do rio, cheguei a pensar que tinha encalhado. À medida que o estremecimento do navio aumentava, o meu espanto aumentava também e, olhando em volta tentando obter a explicação daquele movimento fora do vulgar, compreendi imediatamente qual era a sua causa horrível. Ao olhar nesse instante para os lados da cidade, vi que os prédios mais altos, com vários andares, rachavam e desmoronavam-se com grandes estampidos e ruído [...] Todas as pessoas que não foram esmagadas mortalmente pela queda dos edifícios correram para os largos e para as maiores praças e aquelas que estavam mais perto do rio fugiram para a beira da água, procurando salvar-se em botes ou qualquer outra coisa em que fosse possível flutuar. O povo corria e gritava chamando para os navios que fossem em seu socorro mas, enquanto a multidão se juntava à beira do rio, a água elevou-se a uma tal altura que invadiu e inundou a parte mais baixa da cidade, aterrorizando tanto os já horrorizados e míseros habitantes que mesmo aqui de bordo podíamos ouvir os seus gritos terríveis e via-se a multidão correndo de um lado para o outro completamente desorientada, convencida de que tinha chegado o fim do mundo, para depois cair de joelhos implorando o auxílio de Deus Nosso Senhor!" (Relato do terramoto de 1755 por um inglês de passagem por Portugal)
Saibot- Membro Regular
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Re: Terramoto de 1755
"Depois do tremor de terra que destruíra três quartos de Lisboa, os sábios do país não encontraram um meio mais eficaz de prevenir uma ruína total do que oferecer ao povo um belo auto de fé; a Universidade de Coimbra decidira que o espetáculo de algumas pessoas queimadas em fogo lento, com grande cerimonial, era um segredo infalível para impedir a terra de tremer. Por conseguinte, apanharam um biscainho convencido de que casara com a sua comadre, e dois portugueses que tinham comido um frango e posto de parte o toucinho; vieram amarrar depois do jantar o doutor Pangloss e o seu discípulo Cândido, um por ter falado, outro por ter ouvido com ar de aprovação [...] Cândido foi açoitado cadenciadamente, enquanto se cantava; o biscainho e os dois homens que não tinham querido comer toucinho foram queimados, e Pangloss foi enforcado, embora isso não fosse costume. No mesmo dia a terra voltou a tremer com um fragor espantoso." (In Cândido, de Voltaire)
Saibot- Membro Regular
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