Luís de Camões
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Luís de Camões

Referenciado como o maior poeta da Língua Portuguesa, apesar dos milhares de páginas que lhe foram dedicadas, a sua vida permanece repleta de incertezas e vazios: da data e local de nascimento à condição social e formação académica.
Supõe-se que nasceu no seio da pequena nobreza, provavelmente galega, que havia se instalado em Portugal por alturas do reinado de D. Fernando. Terá estudado em Coimbra (por volta de 1540), onde era chanceler da universidade seu tio, D. Bento de Camões, prior do Mosteiro de Santa Cruz. Partiu depois para Lisboa (cerca de 1542).
Devido à sua grande cultura e talento, frequentou a Corte de D. João III; combateu em Ceuta, onde perdeu um dos olhos (segundo Pedro de Mariz, seu primeiro biógrafo); levou vida boémia em Lisboa, chegando mesmo a ser preso por ter ferido gravemente Gonçalo Borges, um funcionário da Corte, no dia do Corpo de Deus de 1552.
Saiu da prisão em 1553, por carta régia de perdão, e partiu logo de seguida para a Índia, na armada de Fernão Álvares Cabral. Quando chegou a Goa, fez parte da expedição organizada pelo Vice-Rei D. Afonso de Noronha contra o rei de Chembe. Serviu nas costas do Malabar, Mar Vermelho e Golfo Pérsico; na China exerceu o cargo de provedor dos defuntos e ausentes (1557-58); naufragou na foz do rio Mekong, tendo conseguido salvar o manuscrito d'Os Lusíadas, já então em adiantada fase de elaboração, e esteve preso em Goa por dívidas (1560). Aí, foi amigo do Dr. Garcia de Orta, a quem dedicou uma ode publicada em 1563, na primeira edição dos Diálogos dos Simples e Drogas. Em 1567, Diogo do Couto refere-o em Moçambique, vivendo da ajuda dos amigos.
Regressado a Lisboa, em 1569, graças ao auxílio de Diogo do Couto e de outros companheiros, publicou Os Lusíadas (1572) com a ajuda de Manuel de Portugal, concedendo-lhe D. Sebastião uma tença anual de 15.000 réis, em atenção aos poemas e serviços prestados na Índia. Com acesso a meios cultos, convivendo com a nata da Universidade e da Igreja, Camões foi influenciado pela tradição grega e latina, na linha do humanismo renascentista. As suas viagens por outros continentes permitiram-lhe ter uma clara percepção dos usos e costumes de outros povos e de diferentes faunas e floras, conhecimentos que foram utilizados no seu poema épico, um pouco à imagem da Eneida de Virgílio. A obra do poeta faz alusão a instantes felizes e a sofrimento, sentimento expressado através da saudade como forma de sublimar a dor.
Nos Lusíadas, optou por uma fórmula de voz coletiva, por intermédio de uma síntese entre o passado da História portuguesa, da fundação até à descoberta do caminho marítimo para a Índia por Vasco da Gama, e o presente, em que D. Sebastião, a quem o poema é dedicado, representa a esperança num futuro imperial. Essa perspectiva da História atinge o ponto culminante na Ilha dos Amores, onde os descobridores, de regresso da Índia, são recompensados pelas ninfas, e onde existe, também, uma visão da máquina do mundo, que lhes confere um saber iniciático. Profundo conhecedor do latim e do castelhano, tinha um domínio total das diferentes formas poéticas mais eruditas, como o soneto, a ode, a écloga, a elegia, a canção, para além de formas tradicionais, como trovas, voltas, glosas, cantigas em redondilha menor e maior. Preparou um volume de obras líricas (Parnaso Lusitano), que se perdeu.
Em 1580, depois de assistir à partida do Exército português para o Norte de África, sob a chefia de D. Sebastião, que viria a desaparecer na batalha de Alcácer Quibir, morreu numa casa da Calçada de Santana, em Lisboa, sendo enterrado em campa rasa numa igreja das proximidades. Toda a sua restante obra foi editada postumamente: os autos de estilo vicentino, Anfitriões e Filodemo, em 1587, e El-Rei Seleuco, inspirado em Plutarco, em 1614. A lírica, dispersa por vários cancioneiros manuscritos, foi coligida em sucessivas edições, entre as quais se destacam duas organizadas, em 1595 e 1598, pelo seu discípulo confesso Fernão Rodrigues Lopo Soropita e uma terceira organizada por Domingos Fernandes, em 1607.
A confirmar a importância e o destaque que o povo português concedeu a este poeta, o 10 de Junho, aniversário da sua morte, foi estabelecido como o Dia de Portugal.
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Re: Luís de Camões
Na minha opinião, o maior português de sempre! Boémio, aventureiro, guerreiro, grande poeta... imortal Camões!
Saibot- Membro Regular
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Re: Luís de Camões
Túmulo nos Jerónimos pode não conter restos mortais de Camões
O túmulo que se conhece como o de Luís de Camões e que está no Mosteiro dos Jerónimos pode, de acordo com um especialista em estudos camonianos,não conter os restos mortais do poeta.
Vítor Aguiar e Silva explicou que, «existe uma grande probabilidade de as ossadas guardadas no mausoléu dos Jerónimos não serem de Camões».
O poeta terá sido sepultado na Igreja de Sant’Ana, em Lisboa, próxima da casa onde vivia a sua mãe, na calçada de Santana, mas «não se sabe exatamente onde foi colocado o cadáver, se dentro, se fora da igreja ou se até numa fossa», sublinhou Aguiar e Silva.
Supõe-se que teria ficado sepultado do lado esquerdo da entrada principal da igreja e, anos mais tarde, D. Gonçalo Coutinho mandou colocar no local uma lápide de mármore em que refere Camões como «Príncipe dos Poetas do seu tempo», que faleceu em 1579.
No entanto, desde que foi sepultado, em 1580, até à trasladação, três séculos depois, deu-se o terramoto de 1755, que destruiu a igreja.
Para Aguiar e Silva, «no estreito rigor histórico» ninguém sabe ao certo onde estão os restos mortais de Camões e «há as maiores dúvidas» que se encontrem na arca tumular nos Jerónimos, de autoria de Costa Mota Pio, onde invariavelmente Chefes de Estado e estadistas cerimoniosamente colocam coroas de flores quando visitam Portugal.
Os restos mortais do autor de 'Os Lusíadas' foram transladados em 1880 para o Mosteiro dos Jerónimos, numa altura de exaltação patriótica a que não foi alheia a propaganda republicana que já se fazia sentir.
Uma comissão foi constituída e encarregada por Rodrigo da Fonseca, então ministro do Reino, de encontrar as ossadas do lírico e lhe dar sepultura digna, o que veio a acontecer no tricentenário da sua morte (1880).
Todavia, como alerta Aguiar e Silva, «até a própria comissão tem dúvidas da autenticidade do que trasladou».
No relatório da comissão pode ler-se, referindo os trabalhos de escavação empreendidos em 1858, que «a uma certa altura [viram-se] ossos em fórma que se lhe não tinha mexido. Alguns d'estes eram pois sem duvida os de Luiz de Camões; mas quaes, se nem era possivel distinguir a sepultura».
A comissão procurava a pedra de mármore mandada colocar por D. Gonçalo Coutinho, que não encontrou. Resultado, aliás, análogo a buscas anteriores, em 1836, que não chegaram a qualquer conclusão quanto às ossadas de Camões.
Para o camonista Aguiar e Silva, esta incerteza não retira o «valor simbólico» que tem o túmulo nos Jerónimos e até sublinha que «é bom que tenha!».
O estudioso da obra de Camões, afirma que ler 'Os Lusíadas', obra maior do lírico, «é fundamental para entendermos aquilo que fomos e o que somos», logo que caminhos escolher para o futuro.
«'Os Lusíadas' são um texto fundamental para a compreensão de Portugal» quando «lidos na sua grandeza e profundidade», atestou o camonista.
Lusa
O túmulo que se conhece como o de Luís de Camões e que está no Mosteiro dos Jerónimos pode, de acordo com um especialista em estudos camonianos,não conter os restos mortais do poeta.
Vítor Aguiar e Silva explicou que, «existe uma grande probabilidade de as ossadas guardadas no mausoléu dos Jerónimos não serem de Camões».
O poeta terá sido sepultado na Igreja de Sant’Ana, em Lisboa, próxima da casa onde vivia a sua mãe, na calçada de Santana, mas «não se sabe exatamente onde foi colocado o cadáver, se dentro, se fora da igreja ou se até numa fossa», sublinhou Aguiar e Silva.
Supõe-se que teria ficado sepultado do lado esquerdo da entrada principal da igreja e, anos mais tarde, D. Gonçalo Coutinho mandou colocar no local uma lápide de mármore em que refere Camões como «Príncipe dos Poetas do seu tempo», que faleceu em 1579.
No entanto, desde que foi sepultado, em 1580, até à trasladação, três séculos depois, deu-se o terramoto de 1755, que destruiu a igreja.
Para Aguiar e Silva, «no estreito rigor histórico» ninguém sabe ao certo onde estão os restos mortais de Camões e «há as maiores dúvidas» que se encontrem na arca tumular nos Jerónimos, de autoria de Costa Mota Pio, onde invariavelmente Chefes de Estado e estadistas cerimoniosamente colocam coroas de flores quando visitam Portugal.
Os restos mortais do autor de 'Os Lusíadas' foram transladados em 1880 para o Mosteiro dos Jerónimos, numa altura de exaltação patriótica a que não foi alheia a propaganda republicana que já se fazia sentir.
Uma comissão foi constituída e encarregada por Rodrigo da Fonseca, então ministro do Reino, de encontrar as ossadas do lírico e lhe dar sepultura digna, o que veio a acontecer no tricentenário da sua morte (1880).
Todavia, como alerta Aguiar e Silva, «até a própria comissão tem dúvidas da autenticidade do que trasladou».
No relatório da comissão pode ler-se, referindo os trabalhos de escavação empreendidos em 1858, que «a uma certa altura [viram-se] ossos em fórma que se lhe não tinha mexido. Alguns d'estes eram pois sem duvida os de Luiz de Camões; mas quaes, se nem era possivel distinguir a sepultura».
A comissão procurava a pedra de mármore mandada colocar por D. Gonçalo Coutinho, que não encontrou. Resultado, aliás, análogo a buscas anteriores, em 1836, que não chegaram a qualquer conclusão quanto às ossadas de Camões.
Para o camonista Aguiar e Silva, esta incerteza não retira o «valor simbólico» que tem o túmulo nos Jerónimos e até sublinha que «é bom que tenha!».
O estudioso da obra de Camões, afirma que ler 'Os Lusíadas', obra maior do lírico, «é fundamental para entendermos aquilo que fomos e o que somos», logo que caminhos escolher para o futuro.
«'Os Lusíadas' são um texto fundamental para a compreensão de Portugal» quando «lidos na sua grandeza e profundidade», atestou o camonista.
Lusa
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Lusitano89- Membro Ativo
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Re: Luís de Camões

A sua vida foi atribulada. Estudou em Coimbra, esteve em Ceuta e lutou na Índia onde perdeu um olho. Regressou a Lisboa, frequentou o Paço, mas viveu com dificuldades numa pensão exígua e o seu mérito não era então reconhecido. Em 1572 escreveu Os Lusíadas como uma homenagem aos reis portugueses do passado e ao sentimento intrépido que caracterizava os "grandes" navegadores do "pequeno" Portugal.
Camões foi também um excelente poeta lírico, utilizando uma linguagem mais doce para descrever o amor ideal e o absurdo do destino humano. Em Rimas, uma obra póstuma editada em 1595, os sonetos e as canções rivalizam na subtileza filosófica com os do poeta italiano Petrarca. Também escreveu várias obras para teatro em que aborda temas clássicos.
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Re: Luís de Camões
“Camões consegue denunciar as formas mais violentas de expansionismo dos portugueses”
Orban89- Historiador Amador
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