António de Oliveira Salazar
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António de Oliveira Salazar
Estadista (1889-1970), foi o político que mais tempo exerceu o poder em Portugal durante o século XX.
Presidente do Conselho - cargo equivalente, na atualidade, ao de primeiro-ministro - de um Estado construído segundo a sua vontade, à sua imagem e semelhança, este homem de fortes raízes religiosas criou um sistema entendido por todo o mundo democrático como uma ditadura de direita. Com mão de ferro e discurso eclesiástico, guiou Portugal durante quatro décadas.
Nascido no seio de uma família humilde, o pai era feitor e a mãe doméstica, foi criado com quatro irmãs. Inicialmente destinado à carreira eclesiástica, concluiu o exame de instrução primária em 1899 e, no ano seguinte, ingressou no Seminário de Viseu, onde chegou a tomar ordens menores. Permaneceu durante oito anos no seminário, mas acabou por optar pela vida laica, tornando-se professor no Colégio da Via Sacra, em Viseu. Em 1910, ingressou na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, onde concluiu o curso quatro anos mais tarde e, aliando o ensino de Economia e Finanças à continuação dos estudos, obteve o doutoramento em 1918.
Iniciou a atividade política ainda estudante, em 1910, no Centro Académico da Democracia Cristã (CADC), a cuja direção pertenceu antes e depois de concluir a licenciatura. Quando, no início de 1911, os ideais anticlericais que imperavam na universidade levaram à destruição da sede do CADC, Salazar empenhou-se ativamente na reorganização do centro, sendo eleito seu primeiro secretário no ano seguinte. A partir de 1916, passou a exercer a atividade docente em Coimbra, mas viria a ser afastado da faculdade por algum tempo, em 1919, acusado de defender os ideais monárquicos e de estar implicado nos movimentos da monarquia do Norte e da revolta de Monsanto. Como defesa, publicou o folheto A Minha Resposta, que lhe valeria ser ilibado das acusações. Tornou-se entretanto dirigente do Centro Católico, pelo qual foi eleito deputado em 1921, pelo círculo de Guimarães. Em 1925, voltou a ser candidato, desta vez pelo círculo de Arganil, mas não chegaria a ser eleito.
Após o golpe de 28 de Maio de 1926, foi convidado para ocupar a pasta das Finanças no governo presidido por Mendes Cabeçadas. Assumiu o cargo, mas por pouco tempo. Treze dias depois, em sequência do golpe de Gomes da Costa, Salazar era afastado das suas primeiras funções governativas. Quando o voltaram a chamar para o cargo, volvidos dois anos, no governo de José Vicente de Freitas, já pôde impor condições, como a fixação das verbas orçamentais dos ministérios e a reavaliação das iniciativas que implicassem despesas ou receitas. Aceites as suas exigências, publicou a reforma orçamental, que viria a registar saldo positivo - facto que não se verificava em Portugal havia praticamente um século. Equilibradas as contas do Estado, estava talhado para presidir ao governo, o que aconteceu em 1932.
As sucessivas reformas governamentais haviam levado o regime para uma orientação cada vez mais à direita e o Estado Novo começava a tomar forma. Ainda em 1932, foi criada a União Nacional, perfeitamente identificada com o pensamento político de Salazar. Apoiado pelo partido único, atingiu alguma estabilidade, embora não tenha conseguido evitar sucessivas revoltas em 1934, 1935 e 1936, bem como um atentado bombista, a que escapou ileso em 1937. Uma das mais tenazes forças de oposição, os nacionais-sindicalistas, banidos depois do malogrado golpe de 1935, que levou ao exílio os dirigentes do movimento.
Adaptando o regime aos modelos totalitários da época, em 1936 foi criada a Mocidade Portuguesa e, no ano seguinte, a Legião Portuguesa. Em 1936, além da Presidência do Conselho, assumiu a chefia dos ministérios das Finanças, dos Negócios Estrangeiros e da Guerra, aumentando significativamente o seu poder. Abandonou a pasta das Finanças em 1940, a da Guerra em 1944 e a dos Negócios Estrangeiros três anos mais tarde.
Passou por algumas crises, no contexto internacional, como a vitória aliada na II Guerra Mundial, que abalou profundamente o regime. No plano interno, teve que enfrentar a oposição do Movimento Nacional Antifascista (MUNAF) e do Movimento de Unidade Democrática (MUD), que em meados dos anos 40 deram origem à primeira grande crise do regime. A segunda, surgiria na década seguinte, em 1958 com a campanha presidencial de Humberto Delgado, que, congregando à sua volta toda a oposição, pretendia derrubar o regime pela via eleitoral.
Ao desenvolvimento industrial, Salazar preferiu uma política de obras públicas e o princípio da unidade pluricontinental ("do Minho a Timor"), que recusava qualquer solução de tipo federativo ou mesmo de caráter evolutivo, sustentando o princípio da "inegociabilidade política" com os movimentos de libertação surgidos em Angola, Moçambique e Guiné, o que originou uma guerra colonial, penosa para o país e que o isolou internacionalmente. Salazar nunca abdicou dos seus princípios.
Em 1968, sofreu um acidente, a célebre queda de uma cadeira, que lhe provocou problemas cerebrais irrecuperáveis, ditando o seu afastamento do poder. Em Setembro desse ano, Marcelo Caetano foi chamado a governar, dando início a um novo período do Estado Novo.
O essencial do pensamento de Salazar encontra-se reunido em Discursos e Notas Políticas (1935-1967, seis volumes).
Presidente do Conselho - cargo equivalente, na atualidade, ao de primeiro-ministro - de um Estado construído segundo a sua vontade, à sua imagem e semelhança, este homem de fortes raízes religiosas criou um sistema entendido por todo o mundo democrático como uma ditadura de direita. Com mão de ferro e discurso eclesiástico, guiou Portugal durante quatro décadas.
Nascido no seio de uma família humilde, o pai era feitor e a mãe doméstica, foi criado com quatro irmãs. Inicialmente destinado à carreira eclesiástica, concluiu o exame de instrução primária em 1899 e, no ano seguinte, ingressou no Seminário de Viseu, onde chegou a tomar ordens menores. Permaneceu durante oito anos no seminário, mas acabou por optar pela vida laica, tornando-se professor no Colégio da Via Sacra, em Viseu. Em 1910, ingressou na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, onde concluiu o curso quatro anos mais tarde e, aliando o ensino de Economia e Finanças à continuação dos estudos, obteve o doutoramento em 1918.
Iniciou a atividade política ainda estudante, em 1910, no Centro Académico da Democracia Cristã (CADC), a cuja direção pertenceu antes e depois de concluir a licenciatura. Quando, no início de 1911, os ideais anticlericais que imperavam na universidade levaram à destruição da sede do CADC, Salazar empenhou-se ativamente na reorganização do centro, sendo eleito seu primeiro secretário no ano seguinte. A partir de 1916, passou a exercer a atividade docente em Coimbra, mas viria a ser afastado da faculdade por algum tempo, em 1919, acusado de defender os ideais monárquicos e de estar implicado nos movimentos da monarquia do Norte e da revolta de Monsanto. Como defesa, publicou o folheto A Minha Resposta, que lhe valeria ser ilibado das acusações. Tornou-se entretanto dirigente do Centro Católico, pelo qual foi eleito deputado em 1921, pelo círculo de Guimarães. Em 1925, voltou a ser candidato, desta vez pelo círculo de Arganil, mas não chegaria a ser eleito.
Após o golpe de 28 de Maio de 1926, foi convidado para ocupar a pasta das Finanças no governo presidido por Mendes Cabeçadas. Assumiu o cargo, mas por pouco tempo. Treze dias depois, em sequência do golpe de Gomes da Costa, Salazar era afastado das suas primeiras funções governativas. Quando o voltaram a chamar para o cargo, volvidos dois anos, no governo de José Vicente de Freitas, já pôde impor condições, como a fixação das verbas orçamentais dos ministérios e a reavaliação das iniciativas que implicassem despesas ou receitas. Aceites as suas exigências, publicou a reforma orçamental, que viria a registar saldo positivo - facto que não se verificava em Portugal havia praticamente um século. Equilibradas as contas do Estado, estava talhado para presidir ao governo, o que aconteceu em 1932.
As sucessivas reformas governamentais haviam levado o regime para uma orientação cada vez mais à direita e o Estado Novo começava a tomar forma. Ainda em 1932, foi criada a União Nacional, perfeitamente identificada com o pensamento político de Salazar. Apoiado pelo partido único, atingiu alguma estabilidade, embora não tenha conseguido evitar sucessivas revoltas em 1934, 1935 e 1936, bem como um atentado bombista, a que escapou ileso em 1937. Uma das mais tenazes forças de oposição, os nacionais-sindicalistas, banidos depois do malogrado golpe de 1935, que levou ao exílio os dirigentes do movimento.
Adaptando o regime aos modelos totalitários da época, em 1936 foi criada a Mocidade Portuguesa e, no ano seguinte, a Legião Portuguesa. Em 1936, além da Presidência do Conselho, assumiu a chefia dos ministérios das Finanças, dos Negócios Estrangeiros e da Guerra, aumentando significativamente o seu poder. Abandonou a pasta das Finanças em 1940, a da Guerra em 1944 e a dos Negócios Estrangeiros três anos mais tarde.
Passou por algumas crises, no contexto internacional, como a vitória aliada na II Guerra Mundial, que abalou profundamente o regime. No plano interno, teve que enfrentar a oposição do Movimento Nacional Antifascista (MUNAF) e do Movimento de Unidade Democrática (MUD), que em meados dos anos 40 deram origem à primeira grande crise do regime. A segunda, surgiria na década seguinte, em 1958 com a campanha presidencial de Humberto Delgado, que, congregando à sua volta toda a oposição, pretendia derrubar o regime pela via eleitoral.
Ao desenvolvimento industrial, Salazar preferiu uma política de obras públicas e o princípio da unidade pluricontinental ("do Minho a Timor"), que recusava qualquer solução de tipo federativo ou mesmo de caráter evolutivo, sustentando o princípio da "inegociabilidade política" com os movimentos de libertação surgidos em Angola, Moçambique e Guiné, o que originou uma guerra colonial, penosa para o país e que o isolou internacionalmente. Salazar nunca abdicou dos seus princípios.
Em 1968, sofreu um acidente, a célebre queda de uma cadeira, que lhe provocou problemas cerebrais irrecuperáveis, ditando o seu afastamento do poder. Em Setembro desse ano, Marcelo Caetano foi chamado a governar, dando início a um novo período do Estado Novo.
O essencial do pensamento de Salazar encontra-se reunido em Discursos e Notas Políticas (1935-1967, seis volumes).
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Re: António de Oliveira Salazar
Em Agosto de 1968, o doutor Salazar sofreu um acidente na sua residência no Estoril: quando se preparava para ler os jornais do dia, a cadeira partiu-se e fê-lo bater com a nuca no solo. Alguns dias depois declarava-se um hematoma que forçou a uma intervenção cirúrgica. Apesar de uma aparente recuperação inicial, uma nova e grande hemorragia cerebral tornou necessária uma segunda intervenção. Os médicos concluíram que o estadista nunca mais recuperaria uma situação que lhe permitisse exercer funções públicas. No Hospital da Cruz Vermelha esteve muitos dias num coma profundo, donde emergiu para uma convalescença demorada. Morreu em 27 de Julho de 1970 e, por disposição sua, foi enterrado numa campa rasa no cemitério da aldeia do Vimeiro, junto dos irmãos. O único sinal que presentemente distingue a sua sepultura são três pequenas iniciais marcadas a um lado da lousa fúnebre: AOS, iniciais de António Oliveira Salazar.
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