Primeira Cruzada

Durante quase dois séculos os cristãos da Europa Ocidental organizaram expedições para tomarem Jerusalém, tentando desalojar os muçulmanos dos locais sagrados. A esse misto de actos de fé e manobras militares chamaram-se Cruzadas.

A primeira teve lugar em 1095, após o papa Urbano II ter conseguido mobilizar milhares de cavaleiros e populares para a grande causa do Cristianismo. Foi no Concílio de Clermont, convocado por aquele pontífice, que tudo se iniciou. Nessa reunião, que contou com uma larga presença de representantes da Igreja cristã, o Sumo Pontífice, preocupado com as notícias que recebera do Oriente - o desastre de Mankizert, em 1071, e a ocupação de Jerusalém pelos turcos seljúcidas, em 1078 -, exortou os seus seguidores a passarem à acção, garantindo a indulgência plena a todos aqueles que pegassem em armas para combater pela conquista da Cidade Santa.

As preparações para a grande conquista começaram nas duas zonas da Europa cristã. Foi definida a constituição de duas forças, ambas extremamente poderosas.

Por um lado surgiu a Cruzada do Povo, que seguiu, por via terrestre, até Constantinopla, tendo como líderes Pedro, o Eremita, um francês natural de Amiens, e o germânico Gualter, o Sem Haver. Foram eles quem conseguiu seduzir milhares de pobres para integrarem um exército desorganizado que começou por criar uma série de graves problemas na passagem pelo Centro da Europa, com particular destaque para a Hungria e Bulgária. No seu trajeto não se limitaram a resolver os problemas relacionados com a sua alimentação, chegando ao ponto de pilharem várias localidades e efetuarem perseguições impiedosas aos judeus.

O outro exército era bem diferente. Enquadrado por nobres e monarcas, integrava 4500 cavaleiros, 30 mil homens armados e 100 mil auxiliares ou civis. Esse grupo de vários exércitos feudais teve o seu primeiro sucesso quando conquistou Antioquia, vindo a fazer o mesmo em relação a Odessa, até chegar ao objetivo em 1099, com a tomada de Jerusalém.

Durante os séculos XII e XIII a Igreja Católica incentivou os monarcas da Europa Ocidental a organizarem oito cruzadas, expedições armadas para lutar contra os muçulmanos que dominavam o Médio Oriente. Inicialmente, as expedições tinham como objetivo ocupar a Terra Santa. Durante a Primeira Cruzada (1096-1099) 3.000 cavaleiros e 12.000 soldados de diversos países (franceses, normandos, alemães, catalães e navarros) tomaram Antioquia e Jerusalém e fundaram o reino cristão ou o latino de Jerusalém.